O Projeto Ars Moriendi retrata a finitude da vida nas lápides tumulares
O autor Jomar Lima mescla a pesquisa acadêmica e vivência como prior da Ordem Terceira do Carmo em Cachoeira
Após o lançamento no Palacete das Artes, em Salvador, na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em Cachoeira, e no Museu dos Humildes em Santo Amaro, o Projeto “Ars Moriendi – a representação da finitude da vida nas lápides tumulares da Ordem Terceira do Carmo de Cachoeira”, de autoria do curador Jomar Lima, chega ao Museu Regional de Arte (MRA), no Centro Universitário de Cultura e Arte, o CUCA, em Feira de Santana. A abertura da exposição está marcada para o dia 08 de agosto, a partir das 15h. Também está prevista uma roda de conversa na programação.
O projeto ARS MORIENDI foi aprovado e contemplado com recursos do Fundo de Cultura, do edital Setorial de Patrimônio, vinculado às políticas públicas de fomento a cultura do estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural.
O Projeto Ars Moriendi
A Cidade de Cachoeira também nominada Cidade Heroica pela participação da população nas lutas pela Independência do Brasil e Monumento Nacional título de reconhecimento pela preservação de aspectos da história e memória brasileira. No 25 de junho acontece a transferência simbólica da capital da Bahia para a cidade de Cachoeira uma forma de reconhecimento pela participação decisiva do povo do recôncavo para a consolidação do 2 de julho.
Na atualidade os públicos se questionam sobre a existência de 4 cemitérios (cemitérios dos Nagôs, da Ordem 3ª do Carmo, da Piedade e dos Estrangeiros) no núcleo urbano e sobre as lápides tumulares nas capelas e igrejas da cidade. É a partir desta necessidade de compreender às dinâmicas sociais e religiosas que motivaram essa proliferação de práticas de cuidado com a vida e com a preparação para uma boa morte que está inserida a pesquisa monográfica ARS MORIENDI de autoria do Museólogo Jomar Lima.
ARS MORIENDI é um texto sobre as práticas sociais e culturais a partir das percepções, vivências, experiências de Jomar Lima em sua relação cotidiana com patrimônio cultural em Cachoeira, desde as suas lembranças de infância e a sua posterior vontade como cidadão em proteger o bem cultural até o seu priorado na Ordem Terceira do Carmo com uma atuação responsável em requerer dos órgãos do patrimônio IPHAN, IPAC e demais às políticas de preservação para Cachoeira.
A publicação do livro ARS MORIENDI é a percepção de Jomar Lima sobre a construção do discurso de patrimonialização na cidade de Cachoeira – Bahia. Assim como nas lápides tumulares tem um roteiro sobre a morte, Jomar constrói um roteiro sobre a vida e a memória dos irmãos terceiros do Carmo, apresentando uma versão de uma leitura da imagem na contemporaneidade.
O autor da Ars Moriendi
É no Recôncavo Baiano – “chão de massapê diaspórico” – que o percurso triádico do autor se inicia na instituição museológica, de Cidadão à Membro da Ordem e Prior à Museólogo; a sua atuação como cidadão na busca de diálogo sobre a educação patrimonial, a atuação como membro e prior na busca pela preservação dos bens culturais de Cachoeira (restauração dos bens culturais), a sua atuação no curso de Museologia da UFRB e a sua monografia como um meio de comunicação e preservação, deste modo, Jomar entende “que o recinto funerário enquanto um livro sobre a relação vida e morte”
Jomar Lima é um Artista Visual e Museólogo e elege a paisagem cultural e social do Recôncavo da Bahia, o fotógrafo faz a extroversão de micro realidades estéticas com o olhar sócio histórico privilegiando o Recôncavo – um entre lugar na Modernidade tardia brasileira). A paisagem cultural patrimonializada é o seu itinerário – capta as imagens da religiosidade que integrou as práticas culturais hibridas das imagens do Ocidental-Oriental e socialização da estética “Colonial” e Diaspórica.
Os patrimônios culturais (i)materiais são o foco da lente de Jomar Lima que investe em uma proposição da Fotografia Documental que perpassa temas diversificados e interdependentes pelos sujeitos – Mulheres-Sacerdotizas, Marisqueiras – que constroem a relação com este território criando uma estÉtica Diaspórica na contemporaneidade da arte brasileira.
O artista visual Jomar Lima participou de algumas exposições coletivas: IX Bienal do Recôncavo 2008 – Mãos poderosas ferramentas (fotografia); X Bienal do Recôncavo 2010 – Fé Quebrada (Fotografia); Instituto Cultural de Macau 2011 – Cachoeira Memórias; XI Bienal do Recôncavo 2012- Sem Título (Fotografia); Memorial Irmandade da Boa Morte, Cachoeira 2012 (Acervo Permanente); Exposição Em Trânsito, Espaço Cultural Hansen Bahia 2015 (Fotografia); Exposição AfroBarroco 2016 – Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA). Publicou o Livro O Recôncavo no olhar de Jomar Lima pela editora UFRB, editora Fino Traço.