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Na última quarta-feira, 26 de abril de 2017, a partir das 18:00 horas, aconteceu a primeira edição do mais novo projeto do Museu Regional de Arte. O RESENHA CINE MRA, em sua primeira edição, contou com a colaboração da Professora Doutora Ana Maria Carvalho dos Santos na qualidade de debatedora para discutir a representação da Ditadura-Civil Militar no filme O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS.

A supracitada professora possui doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco, obtendo o título em 2008; mestrado em História pela Universidade Federal da Bahia em 2000; Licenciatura em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana no ano de 1991 e graduação em Estudos Sociais pela Universidade Estadual de Feira de Santana em 1987. Atualmente é professora adjunta da Universidade Estadual de Feira de Santana, com  experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil, atuando principalmente nos seguintes temas: modernidade, modernização, cidade, cotidiano, recôncavo sul, propriedades agrárias na Bahia do século XIX, ditadura civil-militar.

Com direção de Cao Hamburger, O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS é um drama brasileiro que, em 110 minutos, conta a história de um garoto de 12 anos que tem o seu cotidiano abalado pelas férias , inesperada, dos seus pais. A história se passa em 1970, ano do tricampeonato da Seleção brasileira e de fortes repressões do regime militar.

Nesse cenário, em 1967, nasce  o Museu Regional de Arte na cidade de Feira de Santana, interior da Bahia. A década de 1960 foi um período de intensas transformações na sociedade feirense, pois os grupos de intelectuais, artistas e políticos percebiam que a cidade crescia e se industrializava rapidamente, o que provocava entusiasmo e preocupação. Tanto os adeptos da modernização como os defensores da cidade tradicional acreditavam, porém, que a criação de um museu em Feira de Santana poderia assegurar e fortalecer a vida cultural do município, iniciando-se os esforços, junto aos poderes municipais e ao Governo do Estado, para que a cidade pudesse ter o seu museu.

A RESENHA

A professora destacou temas enunciados pela produção fílmica, dialogando com a realidade local, regional e nacional. Pelo protagonista ser uma criança, abordou sobre o esquecimento que o mundo dos adultos relega para o mundo das crianças, provocando silenciamentos, invisibilidades e perigos como os atuais bullying e baleia azul. Não foram esquecidas as reformas trabalhistas, da previdência e as suas reações como a Greve Geral da sexta-feira, dia 28 de Abril de 2017.

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Dentre os aspectos fílmicos, destacou a trilha sonora extremamente melancólica, profunda, capaz expressar a raiz da alma daqueles tempos que foram marcados por tristezas não ditas. Apontou a diferença que essa produção tem no cenário nacional ao narrar sobre ditadura, propondo uma outra forma, um outro estilo, que não atendeu às expectativas de muitos.

O PROJETO

O RESENHA CINE MRA nasce do entendimento pressuposto que os filmes são um testemunho material da humanidade, carregando representações de tempo, espaço e ideias. Dessa forma, devemos perceber que o estudo, reflexão, debate, e exposição desses fazem parte do que se define como a identidade dos museus.

A tríade preservação, investigação e comunicação definem a base de sustentação de museus e, portanto, no tangente à última que se inserem as ações educativas como forma de estabelecer uma mediação entre os públicos (no plural entendendo a sua não uniformidade) e os bens culturais, intentando respeito e valorização do patrimônio cultural. Desta forma, a iniciativa é mais um dos eventos culturais sistematizados de forma programática que são promovidos pelo MRA, a exemplo o Domingo Tem Museu que acontece em parceria com a Companhia CUCA de Teatro e o Museu vai à escola. Essa nova proposta, que tem seu emergir nas comemorações da passagem do 50º Aniversário do Museu Regional de Arte, vem sendo organizada por uma equipe multidisciplinar do MRA e, nasce, a partir de reflexões sistemáticas promovidas pelo Atelier de Conservação Preventiva, um espaço multiuso do museu.

Wíllivan do Carmo Santos